Afinal, o amor faz bem à saúde?

Foto: Ben Kerckx - Pixabay

Por: Dra. Paola Alexandria Magalhães / PhD em Ciências Programa Pós-graduação Enfermagem em Saúde Pública – USP

Em tempos de pandemia, na qual estamos fadados ao isolamento social visando o bem comum, me pergunto: como o amor advindo do contato social pode ser expressado, vivenciado, e será que esse amor faz bem à saúde?

Segundo Maria Borges, professora de filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina, a questão do amor provocar alterações fisiológicas não é um fato novo. Alguns filósofos, como Descartes, já diziam que as paixões relacionadas à alma traziam mudanças fisiológicas ao organismo. Segundo sua teoria das paixões, o filósofo descreve que nossas emoções são capazes de provocar alterações fisiológicas em nosso corpo. E de fato isto é real!

Algumas pesquisas realizadas que relacionaram tal temática descrevem que o amor pode provocar efeitos no nosso sistema nervoso autônomo, e isso leva a aumento da frequência cardíaca, boca seca, ansiedade, falta de ar, aumento da temperatura corporal. Tais modificações fisiológicas advindas do amor podem provocar comportamentos impensados, de acordo com Maria Borges, e por isso afirma que juras feitas por pessoas apaixonadas devem ser repensadas pois são ações vindas de alterações físicas e muitas vezes “intempestivas e voláteis”. 

Alguns estudiosos ainda associam o efeito da paixão e do amor ao efeito físico causado por drogas. Quando a gente acredita que é amado e correspondido, nosso corpo aumenta a produção de energia, ficamos em estado alerta, sem fome ou sono. Do mesmo modo que a desilusão amorosa pode provocar a depressão. Alguns hormônios são responsáveis por essas sensações, entre eles estão a testosterona, o estrogênio e a progesterona, além dos neurotransmissores como a serotonina e a dopamina que trazem a sensação de euforia e bem-estar. Da mesma forma que a sensação de se sentir amado causa o aumento destes neurotransmissores, a desilusão amorosa pode provocar a queda dos mesmos. A norepinefrina, também é considerada um neurotransmissor associado ao amor, pois faz com que a pessoa sinta-se mais viva, mais atenta e com mais energia. Já a serotonina, quando a pessoa está apaixonada, ela diminui, por isso que muitas vezes o comportamento de uma pessoa apaixonada pode assemelhar-se ao comportamento advindos do transtorno obsessivo-compulsivo. Quando ocorre a rejeição ou a perda, acaba sendo produzido um comportamento obsessivo, de tristeza e dor.

Foi realizado um experimento pela pesquisadora Helen Fisher, em 2005, e neste experimento alguns cérebros apaixonados passaram por ressonância magnética quando pessoas apaixonadas viam as fotos das pessoas amadas. Ela constatou que determinadas regiões do cérebro (núcleo caudato) eram ativadas, regiões estas responsáveis pelo percurso da dopamina no nosso cérebro. A pesquisadora também diz que existem três fases do amor: a fase do desejo, predominada pelo hormônio testosterona, fase na qual há atração; a fase da paixão, que é dominada pelos efeitos da dopamina e norepinefrina, e a fase do amor em si, na qual a ocitocina é predominante, atuando no vínculo amoroso. Outros estudos dizem que o amor faz bem para a pressão arterial, ajudando no seu controle, pois a ocitocina colabora para a diminuição do estresse e diminuição da pressão arterial. Além disso, o amor alivia dores, também devido à ação da ocitocina, e inibe a liberação de cortisol, devido à excreção de endorfinas, melhorando a insônia.

Dessa forma, o amor saudável e a empatia são sentimentos que sim fazem bem à nossa saúde, assim como a falta deles também nos faz mal. Isso mostra que nós, seres humanos, estamos neste planeta para nos relacionarmos de maneira positiva, respeitosa e amarmos uns aos outros.

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