Câncer de Colo de Útero: por que devo me preocupar?

Por: Dra. Paola Alexandria Magalhães / PhD em Ciências Programa Pós-graduação Enfermagem em Saúde Pública – USP

Tanto tem-se falado sobre a prevenção e detecção precoce do câncer de colo de útero, que às vezes, me pergunto: será que sabemos o que é realmente o câncer de colo de útero e por que temos que nos preocupar?

O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é causado pela infecção por alguns tipos do HPV (Papilomavírus Humano). Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a infecção genital por esse vírus é frequente e, em determinados casos, podem haver alterações celulares, e essas alterações podem gerar o câncer. Além disso, é uma doença cujo desenvolvimento é lento, não apresentando sintomas em sua fase inicial, por isso a atenção à prevenção e à detecção precoce têm sido tão enfatizadas por políticas públicas de saúde. 

E, por que tanto nós mulheres como os homens temos que nos preocupar com o câncer de colo de útero?

Esse câncer é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do câncer colorretal), e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Cerca de 5.727 mortes ocorreram em 2015 e, em 2018, estimou-se mais 16.370 novos casos no Brasil (INCA).

E o mais intrigante é que esse câncer é previnível! 

De acordo com o Instituto Oncoguia, a prevenção do câncer de colo de útero é uma ação que podemos tomar para reduzir a chance de contrair a doença, ou seja, “prevenir o câncer de colo de útero significa evitar fatores de risco que aumentam a chance de desenvolver este câncer”.

A transmissão da infecção ocorre por via sexual, por meio de abrasões microscópicas na mucosa ou na pele da região anal e genital tanto masculina como feminina. Dessa forma, segundo o INCA, o uso de preservativos (camisinha masculina ou feminina) durante a relação sexual protege parcialmente do contágio pelo HPV, que também pode ocorrer pelo contato com a pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal.

Existem diversos fatores que podem tornar a pessoa mais propensa a desenvolver o câncer de colo de útero, tais como: início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros; tabagismo (mulheres que fumam tem o dobro de chance de desenvolver o câncer de colo de útero comparado às que não fumam, devido ao fato de o cigarro trazer ao corpo o contato com substâncias cancerígenas, além de tornar o nosso sistema de defesa menos eficaz no combate às infecções pelo HPV; a obesidade e o uso prolongado de pílulas anticoncepcionais (American Cancer Society).

Mas como podemos prevenir e nos proteger do câncer de colo de útero?

Simples! Pelo uso de preservativo durante as relações sexuais e por meio da realização do exame preventivo, conhecido como Papanicolau.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cancerologia, as alterações descobertas pelo exame de Papanicolau “são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica desse exame”.

Além disso, há a vacinação contra alguns tipos de HPV, disponibilizada pelo Ministério da Saúde, desde 2014. A vacina está disponível no SUS para meninas de 9 a 14 anos e para meninos de 11 a 14 anos, contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Segundo o INCA, “os dois primeiros causam verrugas genitais e os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo de útero”. 

Atualmente, em clínicas particulares de vacinação, já estão disponibilizadas vacinas para adolescentes acima de 14 anos e mulheres.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cancerologia e o INCA, mesmo as mulheres vacinadas, ou seja, todas as mulheres, de 25 a 64 anos, deverão fazer o exame de Papanicolau periodicamente, já que a vacina não protege contra todos os tipos oncogênicos do HPV.

Temos que vestir a camisa e nos conscientizarmos quanto a prevenção e detecção precoce deste tipo de câncer, pois quanto mais cedo for detectado, maiores são as chances de cura, e se detectado em fase inicial as chances de cura são de 100%!

Precisamos olhar para nós mesmos e refletirmos: estou cuidando da minha saúde? Estou cuidado de mim? Qual a importância que tenho para mim mesma(o)?

Previna-se!

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