Qual é a melhor vacina?

Foto: Juraj Varga - Pixabay

Por: Dra. Paola Alexandria Magalhães / PhD em Ciências Programa Pós-graduação Enfermagem em Saúde Pública – USP

Como enfermeira e docente da área da saúde, tenho sido questionada sobre as vacinas contra a Covid-19. As pessoas me perguntam: Qual delas é a melhor? Qual tem mais eficácia? Com qual estarei mais seguro?

Dessa forma, desenvolvi este artigo para elucidar melhor sobre os tipos de vacinas contra Covid-19 que temos atualmente em nosso país. Claro que nunca podemos esquecer da importância da vacinação. 

Segundo a WHO (World Health Organization), a vacinação é a forma segura e eficaz de proteção da população contra doenças nocivas. Por meio da vacina, o organismo utiliza as defesas naturais do corpo para desenvolver resistência a determinados tipos de infecções específicas fazendo com que nosso sistema imunológico desenvolva anticorpos através do contato com formas mortas ou enfraquecidas de um determinado organismo que desencadeia uma resposta imunitária do corpo. Independentemente de uma vacina ser constituída pelo próprio antigénio ou pela matriz para que o corpo possa produzir defesa, a forma enfraquecida não irá desenvolver a doença no ser humano, o seu sistema imunológico é que vai responder produzindo anticorpos.

É importante ressaltar que a quantidade de dose de cada vacina depende muito do seu processo de desenvolvimento. Por isso, existem vacinas que requerem duas doses ou mais e outras que são dose única. Isso acontece porque o organismo precisa produzir anticorpos de longa vida e células de defesa que têm “memória” imunológica, para que o patógeno possa ser combatido rapidamente caso haja uma contaminação.

No Brasil, quatro vacinas estão sendo utilizadas.  As vacinas da empresa AstraZeneca/ Oxford (Fiocruz) e a Pfizer (BioNTech) foram aprovadas e já tem registro definitivo na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A Janssen (Johnson & Johnson) e a Coronavac (Butantan) foram aprovadas para uso emergencial. A Covaxin (Bharat Biotech) e a Sputnik- V (União Química) estão em análise pela Anvisa.

Mas então, qual a diferença entre elas?

A Coronavac, vacina desenvolvida pelo Butantan, utiliza a tecnologia de vírus inativado, ou seja “morto”. Essa técnica é a técnica mais comum para a produção de vacinas utilizada e consolidada há anos. De acordo com o Instituto Butantan “ao ser injetado no organismo, esse vírus não é capaz de causar doença, mas induz uma resposta imunológica”. Essa vacina tem duas doses, sendo o intervalo entre as doses de 14 à 28 dias. A eficácia global pode chegar a 62,3%, caso o intervalo entre as duas doses for igual ou superior a 21 dias.

A AstraZeneca foi desenvolvida pela laboratório farmacêutico AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, e no Brasil está sendo produzida pela Fundação Oswaldo Cruz. Está tecnologia utiliza um vetor viral “vivo” chamado de adenovírus, apesar de estar vivo ele é inofensivo, mas como é manipulado geneticamente para que seja inserido o gene da proteína “Spike” (proteína “S”) do Sars-CoV-2, ele provoca resposta imunológica, sendo capaz de desencadear a produção de anticorpos. São necessárias duas doses, com intervalo de 12 semanas. Sua eficácia é de 76% após a primeira dose e 81% após a segunda.

Já a vacina da Pfizer em parceria com o laboratório BioNTech utiliza a tecnologia de RNA mensageiro, tecnologia na qual esse material dá instruções para o organismo criar defesa contra o coronavírus, estimulando a resposta imune. É a técnica mais moderna da atualidade. Também são necessárias duas doses e o intervalo deve ser de até 12 semanas após a primeira dose. Tem 95% de eficácia após a segunda dose.

A Janssen, do grupo Johnson & Johnson, é uma vacina de dose única. Também utiliza a tecnologia de vetor viral (adenovírus), no qual é introduzida a proteína “S” do Sars- Cov-2, um tipo específico de adenovírus que foi geneticamente modificado para não se replicar em humanos. Por carregar a informação genética da Covidd-19 produz anticorpos contra este invasor. Tem 66,9% de eficácia para casos leves e moderados, e 76,7% contra casos graves 14 dias após a aplicação.

Segundo o Instituto Butantan, “comparar a eficácia das vacinas e tentar eleger a melhor entre elas pode levar a conclusões enganosas (…) os imunizantes foram desenvolvidos a partir de técnicas diferentes e testados em momentos, locais e em populações com nível de exposição ao vírus diferentes. Houve rigor científico em todos os testes e dados que comprovaram segurança e eficácia”.

Ao sermos vacinados, estamos protegendo não apenas nós mesmos como toda a sociedade. Ao nos vacinarmos contra alguma doença, o risco de infecção e transmissão também são reduzidos e menos pessoas se tornam vulneráveis àquela determinada doença. É importante salientar que a vacinação é segura. Várias etapas são delimitadas para que uma vacina seja desenvolvida, as vacinas são testadas de forma rigorosa e várias fases de testes são realizados antes de ser aprovada para uso, sendo regularmente reavaliada assim que é introduzida. 

“Os benefícios da vacinação superam em muito os riscos, e muito mais doenças e mortes ocorreriam sem vacinas”, cita a OMS. Dessa forma, o importante é vacinar-se!

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