Por que temos que falar em suicídio?

Por: Dra. Paola Alexandria Magalhães / PhD em Ciências Programa Pós-graduação Enfermagem em Saúde Pública – USP

Por que a cada dia vem aumentando o número de suicídios?

Iniciado no Brasil pelo Centro de Valorização da Vida, Conselho Federal de Medicina  e Associação Brasileira de Psiquiatria, o Setembro Amarelo realizou as primeiras atividades em 2015 concentradas em Brasília.

Mundialmente, a Associação Internacional para Prevenção do Suicídio estimula a divulgação da causa. A data escolhida para fortalecimento desses esforços é o dia 10 de setembro, o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio.

Esse é um assunto que nos traz uma reflexão bastante dolorosa, pois tem sido um mal silencioso. As pessoas não tocam neste assunto por medo ou desconhecimento, e muitas vezes estão alheias aos sinais de que uma pessoa possa apresentar ideias relacionadas com a autoagressão e suicídio. Por isso é importante falar sobre o assunto, por ser um canal aberto para as pessoas de certa forma se abrirem sobre como se sentem.

Estima-se que um milhão de pessoas morram desta forma anualmente e segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) /Organização Mundial da Saúde (OMS) este é um grave problema de saúde pública responsável por uma morte a cada 40 segundos no mundo. Cerca de 75% ocorrem em países de renda média e baixa. Segundo a OMS, a média global é de 11,4 por 100 mil habitantes, sendo 15/100 mil entre homens e 8 entre as mulheres. Essa média aumentou com a pandemia pelo Covid-19.

Os grupos de risco estão entre os jovens de 15 a 29 anos, idosos acima de 75 anos, profissionais da área da saúde, pessoas que perderam o emprego, e pode estar relacionado também ao estado civil (solteiros, viúvos e divorciados) e ao sexo (masculino). Além disso, cerca de 90 % dos suicídios tem associação com transtornos mentais (como transtornos de personalidade, depressão e dependência química, por exemplo).

Outro fator importante que pode levar à morte voluntária são as insatisfações quanto a aparência física, sofrer bulling ou exclusão social, e atualmente ao isolamento social. A pessoa enfrenta um profundo sofrimento íntimo, no qual a morte para ele seria a única forma de alívio, no qual pensa unicamente em “matar” a dor. Além disso, enfrentamento de conflitos, desastres, violência, abusos ou perdas e um senso de isolamento estão fortemente associados com o comportamento suicida.

OPAS/OMS reconheceu o suicídio e as tentativas de suicídio como uma prioridade na agenda global de saúde e incentivou os países a desenvolver e reforçar estratégias de prevenção, quebrando estigmas e tabus existentes sobre o assunto.

Como profissional de saúde ressalto que os suicídios são evitáveis, desde que os países concentrem-se em criar medidas junto à população para preveni-los. É preciso ficar atento aos sinais, aquilo que a pessoa fala ou faz que indique desejo de morrer, ou seja, fique atento às frases de alerta: “Quero morrer”, “Ninguém vai sentir minha falta se eu não estiver mais aqui”, “Se eu sumisse tudo seria mais fácil”, “Eu não sirvo para mais nada”, “Os outros serão felizes sem mim”.

Além de alguns sinais como: comportamento retraído, dificuldade de relacionamento pessoal; alcoolismo; ansiedade ou pânico; mudança na personalidade, irritabilidade, pessimismo, depressão ou apatia; mudança no hábito alimentar e de sono; tentativa de suicídio anterior; odiar-se, sentimento de culpa, de se sentir sem valor ou com vergonha, e história familiar de suicídio.

De acordo com a OMS medidas simples podem ser tomadas como: reduzir o acesso aos meios utilizados (pesticidas, armas de fogo e certas medicações); investir nos meios de comunicação; identificar precocemente os sinais, tratamento e cuidados de pessoas com transtornos mentais ou por uso de substâncias, dores crônicas e estresse emocional agudo; treinamento em formação de pessoas para avaliação e gerenciamento de comportamentos indicativos de autoagressão, além de acompanhar e dar apoio às pessoas que tentaram suicídio.

A empatia e a escuta ativa têm sido armas poderosas de combate às tentativas de suicídio. O Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone – basta discar 188, disponível 24 horas e nos seguintes horários via chat: Domingo – 17h à 01h, Segunda a Quinta-feira – 09h à 01h, Sexta-feira – 15h às 23h, Sábado – 16h à 01h.

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