O Jornal do Estado do Rio procurou o artista plástico Lair Uaracy para nos contar um pouco sobre o seu trabalho. O artista de atitude expressionista e também advogado, enxerga a arte como possibilidade de conhecimento em direção ao sensível.
Jornal do Estado do Rio – Lair, nos conte um pouco sobre quando você decidiu viver de arte e quais foram os desafios enfrentados durante este período?
Lair Uaracy: Eu decidi viver de arte quando me dei conta de que a arte preencheu o vazio que eu sentia na minha carreira como advogado. A Arte deu sentido a minha vida e me mostrou a minha verdadeira vocação. Eu percebi que eu tinha encontrado um caminho de oportunidades e crescimento pessoal. Os desafios enfrentados durante este período são bem semelhantes aos desafios encontrados em diversas profissões. É preciso comprometimento, estudos, pontualidade, rotina, além de um pouco de loucura, obsessão e disciplina.
Jornal do Estado do Rio: Quais são as suas influências para o desenvolvimento do seu trabalho?
Lair Uaracy: As influências para o desenvolvimento do meu trabalho são as pessoas e suas relações interpessoais. Também sou muito influenciado por artistas como Damien Hirst, Gerhard Richter, Willem de Kooning, George Baselitz e Philip Guston.
Jornal do Estado do Rio: Qual ou quais projetos você está trabalhando neste momento?
Lair Uaracy: Eu estou trabalhando em um projeto de Arte intitulado L.U.A Project em parceria com minha mulher Ana Cecilia Novis. O projeto foi pensado a partir do distanciamento social e das novas formas de interação. Ele promove encontros virtuais entre pessoas desconhecidas e, a partir desse encontro, criamos pinturas que simbolizam o encontro físico destes desconhecidos. O projeto pode ser acessado pelo Instagram @lua.project.
Um outro projeto no Instagram que participei é o Leilão na Fonte @leilaonafonte, onde obras de arte são leiloadas a partir de R$ 0,00 e parte da renda é revertida para projetos sociais.
Jornal do Estado do Rio: Fale um pouco sobre as suas experiências com a arte fora do Brasil?
Lair Uaracy: Em 2019 fui selecionado para uma bolsa de estudos na Escola de Belas Artes de Paris. Eu tive a oportunidade de estudar e participar da vida acadêmica dentro de uma das mais tradicionais escolas de belas artes do mundo durante seis meses. Finalizando a experiência participei de uma exposição coletiva dentro da instituição ao lado de alunos de várias origens do mundo. Essa experiência foi muito importante para o meu crescimento como artista e pessoa. O desafio do aprendizado da língua francesa e de estar sozinho em outro país foi muito enriquecedor.
Em janeiro de 2020 passei para minha primeira residência artística internacional em Lisboa, Portugal. Eu tive a oportunidade de morar e produzir meus quadros em Lisboa durante um mês finalizando a temporada com uma exposição individual organizada pela galeria Casa 70 Lisboa em um lugar incrível em Belém chamado Espaço Espelho D’água. Essa experiência também foi muito importante para expandir minha mente e cultura, impulsionado minha carreira como artista plástico.
Jornal do Estado do Rio: Como você entende o conceito de transparência na arte?
Lair Uaracy: O conceito de transparência na arte é fundamental para mim. O momento da Arte que afasta o público já passou. Eu procuro ser muito transparente ao fazer minha arte. É uma questão de ética para mim. Porém reconheço que a Arte sempre terá seus mistérios devido ser a expressão da alma humana.
Jornal do Estado do Rio: Como você vê o momento cultural no dias de hoje, devido a essa pandemia que tem atingido o mundo?
Lair Uaracy: Eu estou com uma exposição individual suspensa por tempo indeterminado como medida preventiva de segurança e saúde no renomado Centro Cultura dos Correios do Rio de Janeiro. Eu vejo a necessidade de adaptação para um novo momento cultural. Onde serão necessárias criações de novas formas de interação com o público, novas formas de exposição dos trabalhos, uma nova linguagem e o estabelecimento de um novo normal. Eu espero que logo tudo isso passe e possamos voltar a frequentar espaços culturais tão importantes para a nossa história.
Jornal do Estado do Rio: Qual a mensagem que você gostaria de deixar para os amantes de arte e todos os leitores do Jornal do Estado do Rio?
Lair Uaracy: Eu gostaria de dizer que é fundamental mantermos a Arte viva dentro de nós, e ao nosso redor. A Arte é uma forma de expressar nossa emoção, nossas histórias e nossa cultura, além de nos dar um entendimento de mundo mais amplo onde se encontram elementos para compreender melhor a vida e nos proporcionar união e amor.
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