Diagnosticados com catarata precisam de cirurgia

Segundo levantamento, por conta da pandemia, as cirurgias paralisaram e muita gente deixou de ir ao consultório, algumas com riscos eminentes para a visão

Levantamento do Instituto da Catarata, especializado exclusivamente no tratamento da doença, alerta para a queda de atendimentos de pacientes em tratamento e com necessidade de cirurgia. Segundo a análise realizada nesse período de quarentena, cerca de 80% das consultas foram canceladas e, com a suspensão das cirurgias eletivas, determinada pelas autoridades logo no início da pandemia, 100% dos procedimentos foram adiados sem previsão de data. Mas, agora, o novo alerta é para que os pacientes aproveitem a retomada gradual das atividades para voltarem ao tratamento. 

De acordo com o Dr. Lucas Safady, diretor do Instituto, o levantamento teve como base a interrupção das atividades do Instituto, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, em abril, maio e junho. No entanto, embora não tenha números precisos, fatalmente todo o setor de atividade oftalmológica foi impactado, sem contar o atendimento no Sistema Único de Saúde. “Tenho conhecimento de que outras unidades que realizam atendimento pelo SUS também tiveram que fechar nesse período, o que, inevitavelmente interrompeu o tratamento de pacientes. É preocupante porque cada caso é um caso e alguns são urgentes sob pena de maior complicação”, afirma o oftalmologista, acrescentando que a redução significa um impacto de 75% em relação ao ano passado. 

Para ele, é compreensível esse cenário devido à vários fatores, como a própria orientação de ficar em casa, além do medo de se contaminar durante o deslocamento e ao dar entrada na unidade de saúde e ter contato com os profissionais médicos, configurando nos principais motivos dessa ausência do paciente. “As cirurgias eletivas foram todas suspensas, mas agora voltaram a ser liberadas e é primordial que todos os pacientes, tanto os que já tinham realizado as primeiras consultas quanto os que já tinham as cirurgias agendadas retornem ao oftalmologista para dar continuidade. É essencial que isso aconteça, estando certo de que é preciso todo o cuidado pessoal, como o uso de máscaras e distanciamento por parte do paciente, e que também as unidades estarão cumprindo todas as determinações de higienização e proteção para pacientes e médicos”, alerta. 

O oftalmologista esclarece ainda que as cirurgias eletivas agendadas sem caráter de emergência podem, com avaliação médica, ser postergada por determinado período que não afetará a vida do paciente. Mas, se esse tempo se alongar muito os riscos podem ser maiores e a urgência aumenta. “Em verdade o ideal é que as pessoas diagnosticadas com catarata sejam tratadas rapidamente, porém diante dessa crise sem precedentes não teve jeito. Mas vale ressaltar que, mesmo os casos considerados não tão urgentes, sendo tratados, representam melhor qualidade de vida para o paciente. Costumamos dizer que a pessoa que passa pelo procedimento passa a viver num mundo novo, mais colorido e com maior nitidez. Isso significa autonomia, confiança, vida.”, pontua o Dr. Safady. 

A Catarata 

Com base nos levantamentos do IBGE, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia estima que entre 2010 e 2019 o número de cegos no Brasil triplicou, saltando de 506,3 mil para 1,577 milhão. Boa parcela desses casos provenientes da catarata que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é responsável por quase 50% dos casos de cegueira no mundo, acometendo principalmente a população idosa, pois ela causa o envelhecimento natural do cristalino ao longo da vida. “Uma em cada cinco pessoas com mais de 65 anos desenvolvem catarata. Essa proporção aumenta a partir dos 75, quando metade dos indivíduos tem a doença”, alerta o médico, acrescentando que há também a catarata congênita, forma mais rara na qual a pessoa já nasce com ela, além da catarata causada de forma secundária por uso crônico de corticoide, doenças metabólicas, diabetes, uveítes (inflamação intraocular), entre outros. 

Independente da forma que a catarata foi contraída, só existe um tratamento para essa doença, a cirurgia. E, por conta da pandemia de Covid-19, com a suspensão de cirurgias eletivas e até a da impossibilidade do acompanhamento dos casos, muitas pessoas correm sérios riscos, por isso, o oftalmologista chama a atenção para que, neste momento de retomada gradual, as pessoas priorizem a volta ao oftalmologista, pois quanto mais tempo ficarem sem o tratamento e, essencialmente a cirurgia, maiores são as chances de complicações”, conclui.

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