Depressão: uma doença Democrática

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Depressão não é frescura, e sim uma doença que a cada dia vem crescendo mais e mais, independente de sexo, raça, idade, classe social ou crença

Não menospreze a dor do outro, não temos como medir o que ele está sentindo e o que dói no outro pode não doer em você. Então, se você observar que um amigo está ficando diferente, sem ânimo para fazer nada, chorando por qualquer motivo ou muito desanimado em um geral, tente conversar para saber o que está acontecendo, de repente você pode ajudar a sair dessa situação ou até ajudar a ir em busca de ajuda médica caso necessário, pois esse pode ser um quadro depressivo. 

São muitas as dúvidas e perguntas sobre a doença de depressão e a Dra. Héldia Silva de Oliveira, médica Psiquiatra , Staff do Instituto de Psiquiatria da IPUB/UFRJ, falou um pouco sobre este assunto para nos ajudar a entender um pouco da doença que assola o século XXI:

A depressão pode acontecer com qualquer um, então fique atento às dicas:

Depressão

É um conjunto de sinais e sintomas que aparecem no ser humano, por um período prolongado de tempo. A depressão será em 2020 considerada pela OMS (Organização Mundial de Saúde), a enfermidade mais incapacitante do Mundo. No Brasil atinge 5.8% da população, que equivale dizer, o total de 11,5 milhões de brasileiros.

Tratamento

Deve ser feito após diagnóstico realizado pelo psiquiatra. Usamos antidepressivos de acordo com o perfil do paciente, podemos usar estabilizador de humor, entre outros. Hoje em dia temos outras ferramentas para aqueles pacientes não responsivos, como Estimulação Magnética Craniana. A medicação será usada até quando for necessária e retirada pelo médico. É muito comum o abandono do Tratamento com melhora do quadro, acontecendo assim, o retorno dos sintomas. Acho que a terapia deve ser associada ao medicamento porque a maioria dos pacientes possuem preconceito ao procurar o psiquiatra para se tratar (acham que só as pessoas loucas vão ao Psiquiatra, o que não é verdade), assim como resistência em procurar um psicólogo. O maior inimigo da depressão é o preconceito.

Sintomas e Sinais de uma pessoa deprimida

É aquela que apresenta humor triste maior parte do tempo, apatia, cabisbaixa, falta de prazer, baixo autoestima, culpa, retraímento social, cansaço, falta de energia, perda da fome (ou aumento), choro, agitação (ou não), alterações do sono como insônia, ou dormir demais, perda da libido, falar pouco. Sintomas estes que são mais comuns no ínicio do dia (manhã), podem melhorar após entardecer.

As causas da depressão

Eu prefiro acreditar num somatório de fatores, como genético (comum ver vários casos no histórico de uma família), ver a história de vida daquela pessoa, alterações dos neurotransmissores do cerébro (serotonina, dopamina, norepinefrina), que quando repostos com a administração de antidepressivos, melhoram. Além de fatores traumáticos, doenças crônicas, eventos estressantes. Existem casos depressivos mais leves.

Sessenta porcento das pessoas com depressão maior, possuem ideação suícida (pensamento e desejo de morte), mas apenas 15% tentam suícidio. É mais comum em mulheres, no entanto homens morrem mais, talvez por utilizarem métodos mais eficientes do que as mulheres.

Como você pode ajudar e o que não dizer

Ouvindo, perguntando se você pode ajudar em algo, se oferecer para ir ao médico com a pessoa, que ela precisa de ajuda porque ela (e), é muito importante para você e para um monte de pessoas. 

Nunca deve dizer para pessoa deprimida: que é frescura, falta de Deus, falta do que fazer, coisa do diabo, você é bonita e bem sucedida, não tem motivos para estar deprimida. Nosso erro é que julgamos as pessoas naquilo em que não compreendemos. Neste caso é melhor ficar em silêncio, caso não souber o que dizer.

Riscos da Depressão

Um dos maiores riscos da depressão é o suícidio. Neste caso ofereça o telefone (188) do CVV (Centro de Valorização da Vida), procure saber se é caso de internação, avise seus amigos e parentes que a pessoa pode tentar se matar. Não tenha medo, não sinta culpa, nem pense que se você não falar sobre assunto, pode induzir a pessoa querer se matar. Se ela realmente tem este desejo e se já chegou planejar, todo cuidado é pouco. Chances com vigilância ou não dela tentar, e ser bem sucedida são grandes.

O que você pode fazer

Procurar saber sobres os riscos que ela corre. Ter certeza de que o paciente aderiu ao tratamento. Se for tentativa de suícidio, referência de hospital para este atendimento é CER Barra (Hospital Lourenço Jorge), ou UPA. Se for caso de internação, eles irão encaminhar.

Tem também o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), neste caso, em Jacarepaguá, no Bispo do Rosário, na Colônia Juliano Moreira.

Observação

Se eu tenho algo a dizer para pacientes deprimidos, é o seguinte: não tenha vergonha, não se sinta peso morto, nem ache que a solução para seus problemas vai acabar ou que só a morte pode acabar com esta dor e este sofrimento que é invisível para as pessoas , mas insuportável para você. Procure ajuda, procure um psiquiatra, psicólogo, amigo, parente e peça ajuda. Dê uma chance para você. Para que possamos cuidar de você.

Dra. Héldia Silva de Oliveira, médica Psiquiatra , Staff do Instituto de Psiquiatria da IPUB/UFRJ.

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