Tristeza e medo afetam mais mulheres na pandemia, diz pesquisa

Quem sofre mais emocionalmente neste momento de pandemia? O homem ou a mulher? Quem respondeu que é a mulher, está se alinhando com o resultado da pesquisa realizada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI). A sondagem feita pelo Instituto FSB mostra que 51% das mulheres brasileiras sentem-se mais tristes, contra 35% dos homens. As mulheres também são maioria quando a questão é o medo. Elas somam 50% contra 30%. No questionamento sobre o cansaço, a ala feminina aparece com 31% contra 18% da ala masculina. 

A mestre em Psicologia Social com formação em gerenciamento do estresse pelo International Stress Management Association e professora universitária, Fátima Antunes, destaca que o resultado da pesquisa mostra mais uma vez que as mulheres além de mais sensíveis ainda acumulam nos lares, mais responsabilidades que os homens. Perguntada sobre o que leva a mulher a ficar mais vulnerável emocionalmente neste tempo de pandemia, a professora Fátima Antunes lembra da modalidade largamente praticada, o home office. “O trabalho doméstico e as atividades profissionais estão no mesmo ambiente, além das mulheres terem um acúmulo emocional maior do que os homens”, frisa.

A busca por orientação psicológica segue em crescimento seja pelo modo presencial ou online. A psicóloga Adriana Sant’Anna comenta que o medo é um sentimento desconhecido para algumas mulheres. Ele desaparece por trás de outras questões como submissão, respeito ao parceiro ou à parceira, necessidade financeira, filhos ou mesmo assuntos espirituais. “Algumas, inclusive, apresentam medo de admitir o medo do companheiro ou da companheira.  A descoberta do medo surge como fato no consultório muitas vezes, e, infelizmente, algumas fogem da terapia quando o assunto é evidenciado”, explica. 

Sobre as múltiplas funções que a mulher exerce, a fadiga é pauta de observação do psicólogo Jeremy Bailenson, da Universidade de Stanford, nos EUA. Ele usa a expressão em inglês “Zoom Fatigue” (fadiga do Zoom) para definir a estafa causada por repetitivas chamadas em uma das plataformas mais usadas hoje no mercado de trabalho.  O caminho para a mulher se proteger do desequilíbrio emocional, segundo Fátima Antunes, é, em primeiro lugar, pensar em si mesma e em seus interesses, desejos e necessidades, sem o pensamento de que isso é egoísmo, mas como forma de se beneficiar pelo que ela se reequilibre e possa contribuir ainda mais com filhos e a família. Para a professora é importante que a mulher aprenda a delegar tarefas. 

“Em geral as mulheres colocam a família em primeiro plano, esquecem delas mesmas e isso é um caminho para o adoecimento. A vida se estabelece em quatro pilares básicos: aspecto físico, emocional, social e espiritual, assim, é muito importante que haja harmonização desses aspectos para que haja qualidade de vida e bem estar”, define Antunes. 

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