Programa Estadual de Transplantes comemora 10 anos com recorde histórico e ampliação de serviços

Programa já realizou mais de 19 mil transplantes e coloca em prática projetos para manter bons resultados nos próximos anos

Em uma década de atuação, o Programa Estadual de Transplantes do Rio de Janeiro (PET-RJ) foi responsável por um novo recomeço para mais de 19 mil vidas. Este é o número de transplantes de órgãos e tecidos realizados pelo PET em todo este tempo. Além do aniversário de 10 anos, há muitos recordes a comemorar. O mais recente foi registrado entre janeiro e março deste ano: foi o melhor primeiro trimestre da história do programa, com 254 transplantes de órgãos sólidos. A marca supera em quase 54% o mesmo período do ano passado.

Em 2019, o programa recebia, em média, 5,1 doações de órgãos por milhão de habitantes. No primeiro trimestre de 2020, a média subiu para 22, e o Estado do Rio ficou em 5° lugar nessa categoria em âmbito nacional. Quando o programa foi criado, em 2010, o estado ocupava uma das últimas posições no ranking nacional de doadores de órgãos. No primeiro trimestre, alcançou o terceiro lugar, atrás apenas de São Paulo e Paraná.

O coordenador do PET-RJ, Sidney Pacheco, diz que, além da atuação de todos os profissionais, é fundamental para o sucesso do programa a ação das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTTs) nas unidades hospitalares. Atualmente, o estado conta com quatro CIHDOTTs exclusivas, e está investindo na ampliação da estrutura.

– O PET vem crescendo de maneira substancial nos últimos anos, e isso é resultado do excelente trabalho das equipes. Para manter esses bons resultados, atualmente estamos investindo na criação de mais 16 Comissões exclusivas – ressalta o coordenador.

Pacheco explica a diferença que faz ter CIHDOTTs exclusivas nas unidades:

– Esses profissionais, além de serem responsáveis pela cobertura ampla dos potenciais doadores das unidades hospitalares, são constantemente capacitados para acolher as famílias com um atendimento humanizado, tornando o processo da doação de órgãos mais confiável e transparente.

As Comissões Intra-hospitalares são formadas por equipes multiprofissionais da área de saúde, que têm a finalidade de organizar, nas unidades hospitalares, rotinas e protocolos que possibilitem o processo de doação de órgãos e tecidos para transplantes. Atualmente, o PET conta com quatro comissões exclusivas, que ficam localizadas nos Hospitais Estaduais Getúlio Vargas, Adão Pereira Nunes e Alberto Torres e no Hospital Municipal Albert Schweitzer.

PET ressignifica o ato de doar e receber

Juliana Amorim, de 22 anos, viu sua vida mudar ao realizar um transplante hepático.

“Há um mês ganhei nova vida através do transplante hepático. Aos 15 anos, tive diagnóstico de uma doença inflamatória intestinal. Mais tarde, em 2016, fui diagnosticada com uma doença rara no fígado, associada à doença inflamatória. Em 2020, a doença hepática progrediu de forma significativa, me deixando muito debilitada, fazendo com que eu precisasse transplantar. Após 13 dias na fila do transplante, uma família disse “sim” para mim. Hoje, apesar do pouco tempo de transplantada, tenho uma vida muito melhor. Minha disposição mudou, não me sinto mais cansada como antes. Sou muito grata a Deus e à família doadora, que, mesmo em meio à dor, compartilhou seu amor me permitindo viver novamente, dizendo “sim” não apenas para mim, mas para cada receptor.  Dizendo “sim” para nossas vidas, para nosso futuro e para todos que nos rodeiam”.

 Caio Victor fala sobre a decisão de sua família de doar os órgãos de seu irmão caçula, João Lukas, de 19 anos, que faleceu em 2019, em acidente de trânsito.

“Juca (como carinhosamente Caio chamava o irmão) era nosso irmão mais novo, uma pessoa incrível e que tinha uma forma única de ver o mundo. Ele estava entrando na carreira militar e também fazia faculdade. O acidente foi no momento que ele estava atravessando a rua para voltar pra casa. Ele foi internado no Hospital Estadual Alberto Torres e, depois de sete dias, foi constatada sua morte cerebral. Quando fomos atendidos pelo setor responsável por doações no hospital, minha família e eu percebemos que essa era uma forma de fazer a vontade dele. Então, optamos por doar todos os órgãos. O momento do “sim” foi acolhedor como um abraço. Até hoje, sinto extremo orgulho de saber que Juca proporcionou que outras pessoas pudessem viver”.

Credencial para captação de pulmão

Após 15 anos sem possuir credencial para procedimentos de captação de pulmão no estado, o Instituto Nacional de Cardiologia (INC) foi credenciado pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), em maio deste ano. Desde 2017, o estado contava com a parceria entre as Centrais Estaduais de Transplante do Rio de Janeiro e São Paulo para este tipo de procedimento. Ao todo, foram 11 pulmões captados no Estado do Rio em três anos de parceria. Com este novo credenciamento, o estado passa a realizar este serviço de maneira independente.

Sobre o PET

Criado em 2010, o Programa Estadual de Transplantes já realizou cerca de 19 mil procedimentos nos últimos anos. O PET realiza captação e transplante de coração, fígado, rim, pâncreas, medula óssea, osso, pele, córnea e esclera (membrana que protege o globo ocular). A principal missão do PET é obter o “sim” das famílias para salvar vidas por meio da doação de órgãos.

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