As lições de gestão que a Copa deixa ao Brasil

Foto: Pixabay

Por Paulo Pimentel

Vida que segue. Essa vem sendo a frase mais dita e ouvida por muitos após a sofrida eliminação do Brasil para a Croácia. Mas, o brasileiro não desiste nunca, e as expectativas com o tão esperado hexa em 2026, já começaram. Entretanto, além do show de futebol que presenciamos durante a vigésima edição da Copa do Mundo, também é fundamental enfatizar o espetáculo de gestão que o mundial apresentou aos telespectadores.

A edição deste ano, realizada no Catar, vem sendo alvo de críticas em relação às normas e condutas éticas do país – ao mesmo tempo que, positivamente, também chama a atenção para a eficiência e controle de gestão do comitê organizacional. Estádios construídos próximos uns dos outros, obras que serão desmontadas e reaproveitadas, bola com sensor de movimentos, hotéis, novas estradas, entre tantos outros pontos, são exemplos na prática de que mais do que paixão, o esporte também é gestão.

Para que fossem obtidos êxitos nos resultados, foi necessário um planejamento antecipado, levando em conta todos os gastos que seriam exigidos. De acordo com dados da Front Office Sports, apurados pela Statista, a Copa do Mundo de 2022 teve um custo quase 19 vezes maior do que a última edição na Rússia, em 2018, totalizando US$ 220 bilhões. Mesmo sendo esse o mundial mais caro da história, todas as obras e investimentos feitos integram o plano de desenvolvimento do Catar até 2030.

Já o Brasil, que foi sede do mundial há oito anos, ainda hoje, soma dívidas das construções de estádios – muitos subutilizados – e das obras de infraestrutura, que são alvos de processos judiciais. Nesta análise, o sucesso da realização da Copa do Catar só foi possível graças à visão e maturação da ideia de que os clubes esportivos são também empresas que demandam uma gestão assertiva.

Se, antes, tínhamos a ideia de que apenas a Europa aplicava esse conceito, os árabes também mostraram que estão ativos nessa corrida. E o que isso deve inspirar nosso país? Em tudo. O Brasil é conhecido por ser o país do futebol, uma referência na geração de lendas dos esportes, mas ainda está atrás de outras nações que entenderam a importância de fazer uma gestão esportiva eficiente.

O fato de termos enraizado o sentimento de amor pelo clube, inibe que muitos reconheçam que o esporte é um negócio, e identifiquem a necessidade de investir em ações gerenciais que permitam o desenvolvimento do time e a definição de estratégias de atuação. Durante cada edição do mundial, os países se tornam vitrines para mostrarem os seus talentos e atraírem investidores – mas, para almejar tal resultado, é primordial ter os processos alinhados.

E, justamente nessa missão, uma ferramenta de gestão é uma importante aliada, já que sua versatilidade permite que a empresa atue com foco em analisar métricas de gastos, investimentos, indicadores de desempenho dos adversários e, até mesmo, identificar futuras oportunidades para crescimento, atingindo maior visibilidade e rendimentos tangíveis.

Teremos pela frente mais quatro anos de preparação. E assim como tudo na vida evolui, a próxima edição da Copa do Mundo será sediada em três países, que deverão conciliar diversos aspectos de cultura, clima, moeda, transporte, divisão de gestos e lucros, e outros assuntos envolvidos no planejamento. Pode parecer uma desordem, à princípio, mas a proposta já se mostra mais passível de ser organizada com êxito, pois, desde o início, já está sendo desenvolvido o plano de gestão englobando todos os cenários possíveis.

É importante que o Brasil comece a interiorizar que os clubes precisam muito mais do que fazer a alegria dos torcedores, gerindo negócios com eficiência e qualidade. Até porque, mais do que esperar pela tão sonhada sexta estrela, é fundamental trabalhar para garantir vitórias consecutivas de organização e transparência no esporte brasileiro.

Paulo Pimentel é executivo comercial da G2, consultoria especializada em SAP Business One.

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